29.9.10

NADA DE NOVO DEBAIXO DO SOL

Próximo domingo, 03 de outubro, teremos eleições. Ano sim, ano não, todos aptos devem se dirigir às urnas e exercer seu direito ao sufrágio. Aqueles que me conhecem sabem da minha posição política com relação às eleições desde que eu tenho meu título: sempre voto nulo para todos os cargos. Isso não quer dizer que eu esteja a margem do processo eleitoral, ignore as principais propostas dos candidatos ou que não deseje mudanças no cenário político-partidário do país. Muito pelo contrário. Esse posicionamento advém principalmente do desejo de expressar meu descontentamento com o quadro que vejo. E muito mais do que votar secretamente nulo, discutir sobre isso e tornar público o ato é de vital importância, ao contrário do que os irascíveis 'defensores da democracia' dizem por aí.
Eu já tive um blog em que falava exclusivamente desse assunto. Certo dia, recebi um email extremamente mal-educado de um leitor que se dizia indignado (oh, surpresa!) porque uma pessoa que tinha o mesmo nome que ele (oh! surpresa verdadeira!) divulgava uma idéia tão absurda. Bom, como era de se esperar, o dito cujo era filho de político (se não me falha a memória, de um vereador do Amapá).
A obrigatoriedade de voto já é uma constatação do nível de comprometimento que os nossos políticos esperam da maioria dos cidadãos brasileiros. Obrigar a escolher um entre os candidatos que aí se nos apresentam é, pra dizer o mínimo, subestimar a capacidade crítica de nós, eleitores.
Eu vejos os debates e horários de propaganda eleitoral gratuita, com os candidatos que representam a continuidade do quadro insatisfatório da política brasileira de um lado e, de outro, os desesperados rivais destes que propõem programas de governo ou idéias mirabolantes e nem um nem outro indo de encontro aos nossos anseios. Então me lembro da música 'sapato 36', do Raul Seixas.
Tudo isso sem contar a avalanche de candidatos nesta eleição que, sem acanho algum, utilizam seu espaço para aparecer como palhaços ou piadistas. Num país em que o TSE tentou proibir (sem sucesso, ainda bem) a sátira a candidatos, é um paradoxo sem tamanho. Nossa democracia é nova e ainda frágil, mal compreendida talvez, pela maioria da população e atitudes como essa por parte desses candidatos que não levam a política a sério não contribui em nada para solidificá-la.
E alguém ainda vai me explicar a conta que fazem os que defendem o 'voto tamanho 36': uma posição política séria como o voto nulo não pode; achincalhar a democracia na tv e no rádio pode....

Um comentário:

Átila Oliveira disse...

É bem por aí mesmo, camarada. Daqui a pouco vão querer proibir o voyto nulo. ou pior, obrigar-nos a escolher entre um ou outro candidato. Como eu disse no meu blog, quem vota em branco ou nulo não está a margem do processo eleitoral, pelo contrário, geralmente estes tem um melhor entendimento da situação política do país.